O follow-up “analógico” com jornalistas está com os dias contados?
A era digital estabelece um diálogo cada vez mais rápido e assertivo. Pessoas têm a sensação de lutar contra o tempo e estão ávidas por receber informações de forma instantânea. Você imagina como deve ser atualmente o trabalho de um jornalista para apurar fatos na redação? Com quais ferramentas ele trabalha, como checa a informação? As agências de comunicação são fontes atuantes neste processo e cumprem a importante missão de passar notícias estratégicas para o profissional que está “do outro lado do balcão” por meio do follow-up. Entretanto, esta prática vem mudando e hoje tomou outra forma de ser feita: pelos meios digitais. Será que a conversa ao telefone, para “vender” uma boa pauta e persuadir o repórter, está com os dias contados?
Há 16 anos, quando fundei, com minha sócia, a Ideias & Efeito Comunicação, eram criadas sugestões de reportagem sobre nossos clientes, escritas de forma personalizada no corpo de um e-mail e enviadas para redatores, editores, repórteres especiais que estavam dentro de nossa estratégia de divulgação. Na sequência, pegávamos o telefone – objeto considerado old- fashioned nos dias de hoje – e fazíamos o tradicional follow-up. O conteúdo era desenvolvido de forma bastante rica e funcional para cada jornalista, que naquela época já não tinha muito tempo à disposição dos assessores de imprensa diante das inúmeras matérias que precisava produzir. Fazer um ótimo follow-up que gerasse reportagens publicadas sempre foi premissa dentro da agência na hora de formar equipe. Esta proatividade capaz de emplacar matérias e conquistar espaços na mídia nunca foi tarefa das mais fáceis. Mas sempre tivemos êxito na hora de metrificar resultados e entregá-los para o cliente.
A era digital evoluiu absurdamente e com a chegada das redes sociais e das variadas ferramentas instantâneas de conversa, o telefone já não é tão efetivo. É o que ouço, aqui na agência, da minha equipe – formada pelas gerações Y e Z. Hoje, o assessor de comunicação liga diversas vezes para a redação e só ouve o chamado. Então, como ser efetivo? Como fazer a notícia chegar na hora exata, para o profissional certo e manter um bom nível de matérias publicadas? A resposta é: atuar como o repórter atua na hora de buscar um dado valioso. Ou seja, praticar a persistência. Rastrear lugares onde ele vai buscar uma fonte de informação, uma ideia interessante. Participar de grupos formados no Facebook, no LinkedIn, trocar mensagens por WhatsApp, e-mail e, apesar da dificuldade, não subestimar o tradicional contato pelo telefone, pois uma hora há de se ouvir um “alô” do outro lado da linha,e, só quem é assessor de imprensa sabe como alguns minutos de conversa são valiosos para emplacar a tão desejada pauta.
Renata Noschesi
Jornalista, sócia da Ideias & Efeito Comunicação